domingo, 24 de agosto de 2008

Depois do gostar, o sentir

S e n t i m e n t o .
A vida inteira pode caber numa palavra. Mas a uma palavra às vezes não tem infinito que chegue para acomodar.
Diz-se que teve um poeta que não conseguindo domar a explosão de sentidos imprevisíveis das palavras acabou se matando. Tudo bem, quem lê as poesias do Torquato percebe que ele só podia mesmo chegar ao suicídio, então não vamos por a culpa inteira na linguagem, mas que elas são mesmo de dar nó na linha do juízo, ah são.
Quando é uma palavra assim tão abstrata como um sentimento então, tem estrada pra viajar até... Lembrei de um filme onde as pessoas tomavam um remédio para não sentir. Até gostei, mas eu observava várias formas de sentimento nas pessoas em que o filme tentou mostrar nulas deste "mal".
É que não é concebível a existência sem sentir. Não pra mim, ao menos.
Outro poeta escreveu:
"por favor uma emoção pequena, qualquer coisa
qualquer coisa que se sinta
tem tantos sentimentos
deve ter algum que sirva"

É bonito, mas sentimento é mais que emoção.
E é mesmo bom sentir. Ver, tocar, beijar, comer, chorar, cair, doer, ouvir, pegar, abraçar, jogar, parar, dormir, acordar. Isso pra citar só alguns dos sentimentos da classe dos verbos.
Eu adoro sentir música, sentir filme, sentir fome pra sentir comida, gosto de sentir poesia, de sentir coisas que não sei descrever mas que são boas, gosto de senti-la.
Pensando e repensando essa coisa que é existir, até ouso desafiar três mil anos de filosofia pra dizer: sinto, logo existo.