sexta-feira, 5 de março de 2010

Cuidado com o Hino Nacional

É sempre muito divertido assistir as pessoas emocionadas cantando o Hino Nacional Brasileiro. Não é para menos, a música de Francisco Manuel da Silva (1795 - 1865) é um dos mais bonitas e emocionantes Hinos Nacionais que conheço; no entanto, a letra, escrita por um importante literato do início do século XIX, Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927), que muita gente aprendeu a repetir após anos e anos de solenidade obrigatória na escola, é complicada, a organização dos versos é um tanto confusa às pessoas do nosso tempo, tornando a ocasião da execução do Hino um tanto embaraçosa, pois ao que me parece, ninguém entende ao certo o que quer dizer. Vejamos então o texto, com os versos reorganizados, e alguns comentários escritos por mim:
Hino Nacional Brasileiro (reordenado e comentado)

I
Ouviram às margens plácidas do Ipiranga
O brado retumbante de um povo heróico
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria neste instante
[esta parte fala do famoso grito da independência, às margens do rio Ipiranga!]

Se o penhor desta igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
O nosso peito desafia a própria morte
Em teu seio, ó liberdade!
[em seguida, declaramos preferir morrer a abrir mão da independência de Portugal, eu não sei disso não!]

Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve, salve!

Brasil, se a imagem do Cruzeiro resplandece
Em teu formoso céu, risonho e límpido
Um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
[a imagem do céu da Pátria é suficiente para nos encher de amor e de esperança, bonito!]]

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
[impávido (latim impavidus, -a, -um, sem medo, intrépido) é aquele que se mantém tranquilo diante do perigo, inclusive dos Israelenses, dos EUA e do Hugo Cháves, haja coragem!]

Terra adorada!
Entre outras mil,
És tu Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!


II
Fulguras, ó Brasil, Florão da América,
Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar, e à luz do céu profundo
Iluminado ao sol do novo mundo
[fulgurar (latim fulguro, -are, lançar relâmpagos), por sua vez, quer dizer que a Pátria brilha no "novo mundo", expressão utilizada pelos europeus para referir-se às Américas, cuja existência eles desconheciam; mas a parte do "deitado eternamente" contribui para a nossa fama de preguiçosos]

Teus risonhos, lindos campos têm mais flores
Do que a terra mais garrida;
"Nossos bosques têm mais vida"
"Nossa vida" no teu seio "mais amores"
[aqui Gonçalves Dias empresta seus versos de nacionalista para dizer desta terra melhor que as outras todas]

Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve, salve!

Brasil, o lábaro estrelado que ostentas
Seja símbolo de amor eterno
E diga o verde-louro desta flâmula:
- Paz no futuro e glória no passado.
[lábaro (latim labarum, -i) e flâmula (latim flammula, -ae, diminutivo de flamma, -ae, chama), são sinônimos de bandeira; ou seja: que a bandeira e suas cores sejam símbolo de amor, paz e glória, outra vez muito bonito!]

Mas se ergues a clava forte da justiça,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme a própria morte, quem te adora.
[muito cuidado com essa parte, ao cantar este trecho, fazemos um juramento de guerra: quer dizer que se o país resolve entrar numa guerra, estaremos prontos pra lutar. De minha parte, prefiro que não se entre em guerras!]

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Visto isso, para não faltar com a verdade, é melhor ficar calado em algumas partes, só não precisa dar uma de Wanusa!

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Éverton Diego