quinta-feira, 20 de março de 2008

Onde não se tem cadeiras na calçada

Algumas coisas tornam-se banais dada a frequência com que ocorrem. A violência tem se tornado coisa corriqueira, está sempre estampada em qualquer jornal,  numa conversa de botiquim... Estranhamente, mesmo convivendo diariamente com notícias de violência, às vezes temos a impressão de ser algo distante, que até pode acontecer com o vizinho, mas nunca conosco.

Essa impressão desaparece quando algo do gênero acontece com a gente. Não que eu ignore todo o complexo conjunto de questões sociais que resultam na violência, mas não tenho dúvida que não é fácil ser vítima.

É simplesmente humilhante; a sensação de estar desprotegido é aterrorizante, esquecendo-se as lesões materiais, e mesmo que não hajam prejuízos físicos, as seqüelas psicológicas são irreparáveis. Lembro de um amigo que teve a casa invadida, trancaram a família no banheiro levaram todo o dinheiro, joías e objetos de valor que encontraram, ainda fugiram no carro dele, mas o que ele me contou que mais o machucou foi ouvir chingarem sua mãe e irmã. Ninguém se machucou, o carro foi recuperado, os objetos, aos poucos, readquiridos, mas ninguém nunca vai conseguir devolver à família a sensação de segurança dentro da própria casa, que foi roubada.

E Teresina ainda é uma cidade pacata, segura se comparada a muitas capitais brasileiras, mas eu, sinceramente, ainda prefiro a paz do interior, onde as cadeiras dormem na calçada, as casas não têm tantas trancas, e quando se encontra com alguém na madrugada, ao invés do medo, saúda-se com um "boa noite".

Será impossível haver progresso sem perder-se a paz?

sábado, 15 de março de 2008

O mito da caverna

Eu bem queria escrever um texto consiso, coerente, coeso e mais um monte de "co" que os letrados apreciam. Porém o turbilhão de idéias está completamente indomável neste instante, impossível escrever um texto num formato aceitável.
"A questão é quanto de verdade podemos suportar." Perdi o show. As pessoas agora só sabem falar de Big Brother, pobres dos que se libertaram das correntes e puderam ver a luz fora da caverna. Bem que o Morfeu avisou, depois de tomar a pílula não tinha mais volta. Por que me sentir sozinho? Onde ficam os insetos da chuva quando não está chovendo? O dia da poesia passou e eu nem sabia. Poeta não é profissão, é um jeito de ser, historiador também. Como superar as paixões? É tarde e eu devia estar dormindo, ou estudando. Onde estarei daqui a 10 anos? E as escolhas que eu não fiz? Que bom que tenho amigos, onde estarão eles agora? E em 10 anos? "Minha tribo sou eu", mas não é fácil. Tomei a pílula errada, alguém, por favor, me pluga de novo?
Melhor tentar ir dormir.
P.s.: Não estou sob efeito de nenhuma droga, isso é apenas o produto cru de uma mente.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Ócio e insônia

"É dor que desatina sem doer". E não estou falando de amor.

Nem sei quantos dias foram, mas estive fora do mundo virtual por um tempo considerável para um frequentador tão assíduo. Estou de férias, sem nenhuma atividade para cansar a mente.

Combinação perfeita para um insone. Escrevi alguns textos, algumas canções, mas nada que se aproveite (ócio criativo não existe pra mim); dediquei algum tempo à pratica de canto e do violão, e acho que não saí do lugar; li alguns poucos e densos livros; e finalmente: assisti muita, mas muita tv! Não adianta, eu e a televisão definitivamente não nascemos para termos uma boa relação, que programação horrível a da tv aberta brasileira. E a madrugada não tem fim!

Mesmo com todas essas alternativas, não consegui me cansar o suficiente para sentir sono, e passei noites em claro, me revirando na dureza do meu colchão. Os primeiros raios de sol entrando pelas frestas do telhado, o galo cantando a muito tempo no vizinho (poxa, criar galos só pra incomodar a insônia dos outros...), meu pai acordando e saindo pro trabalho, e eu sem dormir. No pior dia da insônia cheguei a levantar da cama, tomar café com a família, fazer o almoço, e lá pelas 10 da manhã fui conseguir dormir um pouco.

Bom, agora estou de volta à internet, e minhas aulas começam logo logo. Não sei o que é pior, não dormir por não ter sono, ou ter sono e não poder dormir.