segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ainda

Querido diário, eu estou cansado (de novo ou ainda)
do próprio cansaço
da dor de cabeça
da pressão (como medir a pressão do trabalho e dos estudos em atm?)
do dinheiro (da falta, ou de precisar dele)
das relações humanas
das coisas.

Eu quero dormir.
Eu quero dormir, querido diário, para estar bem disposto a viver
estou cansado de ser as coisas pela metade, porque estou cansado.
Sou as palavras pela metade
homem pela metade
professor pela metade
amigo pela metade
filho pela metade
eu pela metade
mas eu me dou por inteiro a tudo isso.

Sou uma beleza e uma podridão.

Ainda.

p.s. Chega de falar só de mim, ninguém aguenta isso, nem eu.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pequenos prazeres

Dormir após o almoço, cheiro de livro novo, deitar na rede e olhar pro céu, deitar na cama e sentir as vértebras descontraindo-se, ler um poema novo, tocar pela primeira vez a mão de alguém, filme com pipoca, fechar os olhos para dilatar os ouvidos e sentir uma boa música, receber uma carta (se não for conta), receber um e-mail (se não for spam ou trabalho), café e amigos, qualquer coisa que envolva café ou amigos, comer até enjoar, ganhar um presente, soltar pipa, tocar a campainha e sair correndo, faltar aula e dormir, um fim de semana sossegado num lugar bonito, ficar em paz com a consciência, ficar em paz com o espelho, ficar em paz, fazer um favor despretensioso, fazer alguém sorrir, fazer a diferença, ser independente como um adulto, livre como uma criança, sentir saudades, matar as saudades, viajar de carro, parar no meio do caminho, descobrir coisas novas, continuar, acordar cedo (sem sono), acordar tarde, quebrar a rotina, quebrar as regras, quebrar o gelo, sentir borboletas no estômago, tentar alguma coisa e conseguir...

Danem-se o dinheiro, o poder e o sexo. Isso já é viver.