O pulso ainda pulsa!
Enquanto o incomodavam as pontas das penas no travesseiro, gastou uma parte dos seus últimos impulsos elétricos para escrever uma história de amor, dessas de amor impossível: de moça na torre alta e sem cabelos para jogar, de escravo e senhorinha, de lugares distantes sem promoções da gol. Na sua história, amor não era poesia, mais bonito com o sofrimento. Era amor que cansava de tanto não acontecer, que se gastava de ficar guardado.
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Foi quando resolveu tirar o coração da caixinha que ficava dentro da sacola de TNT fechada com corda de nylon guardada dentro da gaveta de roupas que não servem mais e que ficam esperando serem doadas. Tentou ver se o pouco que restou ainda preenchia o vazio no peito, olhou uma foto dela no facebook e tumtum - tumtum: amou.
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De idade, não era velho, nem roído de amargura. Esqueceu de perguntar ao coração se ele mentia, esqueceu de perguntar que horas eram pro relógio de parede, esqueceu de perguntar pra ela o que sentia. Esqueceu ou não perguntou porque preferia não saber. E foi ser sensível na vida, o bobo.