terça-feira, 24 de maio de 2011

Podes crer

Queridos Wagner, John e Fernanda,

gostaria, sem a sua permissão, de dedicar algumas linhas a dizer algumas coisas essenciais a vocês três.
Para começo de conversa, eu amo vocês. E se Narciso acha feio o que não é espelho, acho-os lindos, meus queridos, pois vocês, cada um a seu modo, são a minha simetria.
O Wagner é o meu gêmeo, nós nos conhecemos bem demais para precisar procurar semelhanças ou diferenças. Com o Wagner eu experimento a compreensão.
O John é a minha face menos visível, nós somos o silêncio taciturno daqueles que sabem a dor do mundo, somos o riso otimista, entretanto. Com o John eu experimento a insustentável leveza do ser.
A Fernanda é a força das minhas paixões, é a velocidade dos meus pensamentos, a intensidade dos meus sentimentos. Com a Fernanda eu experimento a poesia.
As interconexões entre nós quatro, particulares entre si, são difíceis de explicar, mas não de entender. Estando juntos, estamos em casa. Com os três eu experimento a partilha.
Esta carta, meus amigos, é não só para dizer da importância de vocês na minha vida, não só para dizer que vocês são algumas das melhores partes de mim. Esta carta é para dizer que eu sou feliz por vocês existirem, e que eu tenho medo de perdê-los.
Somos jovens, meus amigos, não fazemos idéia das surpresas que o futuro nos guarda, mas eu tenho algumas certezas:
Eu quero vocês comemorando as minhas conquistas futuras, eu quero vocês me ajudando a levantar quando a vida me for violenta, eu quero ser a mão estendida que vocês sempre podem agarrar. Quero vocês na minha casa, quero estar na casa de vocês, quero pegar seus livros emprestado, assistir filmes ou jogos de futebol com vocês. Eu espero que a cerveja nunca acabe, ou que, ao menos, quando ela acabar, a conversa ainda compense. Eu quero aturar seus defeitos, ficar puto da vida com vocês, eu quero a oportunidade de ter brigas que só se tem com os melhores amigos. Eu quero que vocês me aturem, que falem mal de mim, mas que fiquem ofendidos se virem mais alguém fazendo isso. Eu não abro mão dos seus conselhos, dos seus incentivos e censuras, como não deixarei de incentivar e censurar (sobretudo os vícios do Wagner, o moralismo do John e o gosto da Fernanda para homens). Eu quero ver vocês mudando, e reclamar ou elogiar as mudanças, e conquistar os novos amigos que vocês serão.
Os amigos são a família que nos permitiram escolher, disse alguém.
Eu escolhi vocês.

Éverton Diego
Teresina, 24/05/2011.