quarta-feira, 16 de março de 2011

O problema é o beco

Então é assim, a vida vai indo, indo, indo, e quando você pensa que não foi, acaba fondo.
Não, eu não me encontro num beco sem saída, não é esse o meu problema. Saída o beco tem, e eu vejo claramente, o problema para mim é o beco. Algo que só permite um caminho, que te ausenta de opção.
Mesmo as coisas que eu mais gosto de fazer na vida, amor, poesia, música, comer, ensinar, pensar - entre outras tantas - tornam-se para mim menos interessantes, ou até mesmo fardos, quando tornam-se obrigações. Eu tenho levado uma vida repleta de obrigações nesses meus vinte e poucos anos. Sempre cobrei muito de mim, vaidoso que sou, não permiti espaço para falhas, ou para qualquer coisa que pudesse ser desaprovada por uma moral sólida e pesada que aprendi a por sobre mim mesmo.
Então, a duras penas, fui um filho quase impecável, um estudante exemplar, um cidadão consciente e solidário. um cristão compenetrado e caridoso, um namorado admirável, um amigo, um profissional, um acadêmico e qualquer outra coisa que eu tenha me posto a fazer, se não o melhor, o melhor que pude certamente.
Mas, em todo esse percurso, ficou muita coisa para trás, e delas eu sinto falta. De não estudar quando eu estava com preguiça, de fazer alguma "danação" de criança, de desobedecer, de dizer o que eu pensava e o que eu sentia ainda que fosse ser considerado desrespeitoso. Falta de experimentar o proibido, de aceitar os meus defeitos ao invés de lutar contra eles e escondê-los o mais que eu pudesse.
Sinto falta de falar de mais, de ser inconveniente, de mentir, de ser egoísta, de ser corrupto, e tudo mais que eu aprendi a combater.
Ter caráter custa caro, meus caros, eu sinto falta mesmo é de ser mais humano, como canta a chata da Zélia Duncan.
De uns tempos pra cá, eu nasci de novo, minha nova versão foi melhorada com algumas falhas, eu passei a me permitir. O problema é o beco. A minha vida continua a velha vida com um Diego novo, ela não me permite. E eu não sei se quebro as paredes e fujo, ou se sigo esperando que o outro lado valha a pena.

2 comentários:

Fernanda Arrais disse...

A realidade é que todos temos um beco. E a diferença entre todos, talvez, seja justamente essa decisão de quebrar essas paredes ou simplesmente a de ir andando por elas. Uma parece mais fácil, de acordo com o princípio da inércia, mas, não necessariamente recompensadora. E a outra, bom, essa talvez seja uma aposta, dessas que a gente faz pela vida.
Desejo-lhe mais que somente sorte.

Fernanda disse...

sejamos livres, não importa o beco em que estivermos. ser livre é uma concepção, um estilo de vida. seja escravo da sua liberdade. niguem precisa estar solteiro para estar livre. as vezes em que experienciei mais a liberdade foi estando "presa". a liberdade não está fora, ao contrário, está cá dentro.