Por falta d'água
Ou de vergonha:
Vende o bicho magro
Enquanto não morre
Feijão, oito reais
Nem água bota
Vende a esperança
Enquanto não morre
Que nesses olhos
Nem água brota
Onde não dá milho ou feijão
Colhe o ceifeiro
Pedaços de papel pintado:
Dinheiro, jornais
Leis, contratos
Escrituras, poemas
Matam mais que o cigarro
A escrita é a mãe do silêncio.
E silêncio
É o que mata
A seca não, e no luto
O silêncio
É o que fica,
Depois da morte, um minuto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário