terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mágoa ou Pra que você saia sem eu lhe bater

Os prédios são melhores que as pessoas. Mudos, imóveis e sólidos. Os prédios são melhores que as pessoas porque são sólidos. Nunca vi um prédio mentir. Eles ficam expostos a sol, chuva, neve, granizo, sem reclamar. Os prédios são bonitos por fora e por dentro. São muito maiores que as pessoas, por fora e por dentro. Os prédios não batem nas pessoas, as pessoas batem nos prédios com carros, punhos, marretas e às vezes até dinamite ou aviões. As pessoas não são confiáveis, os prédios são.
Eu queria mudar de espécie. Virar prédio, morar em alguma rua não muito movimentada e observar do meu canto a vida das pessoas passando e acabando. E eu ficaria ali, serviria de abrigo em dias de sol ou de chuva, Eu queria ser um teatro, ou quem sabe um cinema antigo. Eu seria tombado pelo IPHAN, mas não seria tombado pelos reveses da vida. E as pedras, que hoje se põem no caminho, ao invés de me derrubar, seriam a minha base de sustentação. Queria ser prédio para não precisar de óculos, de comida e para não precisar de amor. Porque amar é uma coisa tão complicada e tão estúpida que os prédios preferem não se arriscar.
Eu preferia ser atacado por cupins, abalos sísmicos, umidade ou mesmo por homens-bomba do que pela incoerência das pessoas.
E se um dia me quisessem derrubar para fazer mais um estacionamento, seria um fim, triste, mas não uma surpresa. Porque dói menos uma demolição realizada com franqueza nas paredes sem alma, do que um mínimo arranhão causado por um espinho da rosa para a qual floriu o coração.

2 comentários:

Fernanda disse...

tens toda razão, prazer, prédio.

Michelle disse...

Caro cachinhos doirados...esse seu texto é muito ruim!!!
"Desculpai-me essa morte, é que não pude evitá-la"
Rsrsrsrs